Hormônio na Carne de Frango - Mito ou Verdade

Nas últimas décadas a evolução da avicultura brasileira posicionou este segmento como um dos mais fortes da agroindústria nacional, assimilando tecnologia avançada, a produção de frango no Brasil cresceu em qualidade e produtividade.

A produção desta carne é dependente da utilização de tecnologia, sendo que diversas instituições nacionais e internacionais contribuíram para os avanços tecnológicos que se observaram nas áreas de genética, nutrição, sanidade, instalações e manejo que possibilitaram o êxito da avicultura. Assim, nas últimas décadas o frango apresentou evolução marcante, a cada ano reduzindo a idade de abate e, ao mesmo tempo, elevando o peso vivo na idade de abate. Associado a isso, é contínua a melhora no índice de conversão alimentar, ou seja, a ave utiliza quantidade sempre menor de ração por unidade de peso de carcaça produzida. Este desempenho expressivo é fator determinante para a disseminação e perpetuação de um grande mito que ronda a avicultura brasileira, sendo que um dos maiores mitos presentes entre consumidores é o de que frangos criados em granja tomam algum tipo de hormônio. Leigos, relacionam o grande potencial de crescimento dos frangos (que atualmente alcançam quase 3 kg em pouco mais que 40 dias de idade), com a utilização de hormônio de crescimento na alimentação animal. Alimentar essas aves com rações enriquecidas com hormônios sintéticos ou mesmo injetá-las nas aves é proibido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através da Instrução Normativa nº 17, de 18 de junho de 2004, que em seu Art. 1º “proíbe a administração, por qualquer meio, na alimentação e produção de aves, de substâncias com efeitos tireostáticos, androgênicos, estrogênicos ou gestagênicos, bem como de substâncias agonistas, com a finalidade de estimular o crescimento e a eficiência alimentar”.

O avanço da zootecnia foi o principal responsável pelo aumento de produtividade na avicultura de corte e pela grande evolução avícola brasileira decorrente de fatores como melhorias na infraestrutura, ambiência, nutrição, melhoramento genético, sanidade e entendimento das relações destes conhecimentos através do manejo da produção destes animais.

Há décadas as empresas privadas e universidades estudam o melhoramento genético, nutricional, sanitário, o manejo, bem como instalações e ambiência e com isso ao longo dos anos obteve-se um aumento no desenvolvimento corporal dos frangos.

Um estudo de 2014, realizado pela Poultry Science Association, uma instituição governamental norte-americana, mostrou que a escolha dos animais com as características mais atrativas do ponto de vista alimentar, como tamanho do peitoral avantajado e menor quantidade de gordura, para reprodução, aumentou em 400% o tamanho do animal de 1957 a 2005 (de 905g por animal em média em 1957 para 4,2 quilos por animal em média em 2005). Sendo assim, o frango produzido atualmente não consome hormônios, foi uma evolução principalmente genética.

Já foram feitos alguns estudos com o uso de hormônio de crescimento em aves, sendo comprovado que os frangos não respondem ao uso desse hormônio. Além disso, não é uma opção economicamente viável, visto que os hormônios de crescimento para aves não são produzidos comercialmente, já que seu custo seria extremamente alto ao ponto que ultrapassaria o valor da ave. Em relação ao aspecto prático torna-se inviável a utilização na alimentação, visto que todo hormônio direcionado à deposição de tecido muscular possui característica protéica, se usada na ração como muitos possam pensar que poderia ser feito, esta proteína ao entrar no trato digestivo da ave seria digerida como qualquer outra proteína, como a do milho ou da soja, não tendo o efeito desejado. Portanto, se tivesse que ser usado, teria que ser injetado, mas por ser uma proteína de rápida degradação, para permanecer na corrente sanguínea de forma que promova algum resultado, teriam que ser injetadas doses diárias e individualmente, animal por animal. Se você pensar que o Brasil aloja hoje em torno de 500 milhões de frangos por mês, as empresas teriam que ter uma ultra-estrutura montada só para aplicar um produto que é: proibido, não funciona, caro e enfim, de impossível aplicação diária.

O rápido desenvolvimento das aves deve-se, principalmente, a evolução genética das linhagens, cuja expressão é viabilizada pelos avanços dos fatores ambientais nas áreas de nutrição, sanidade, ambiência e instalações. Diante disso, conclui-se que o uso de hormônios na produção avícola no Brasil é considerado um mito.

O S.I.M sempre faz o alerta para a comunidade que ao adquirirmos um alimento de origem animal, devemos nos certificar se este produto foi devidamente inspecionado. Isso pode ser verificado através dos carimbos dos serviços de inspeção S.I.M, CISPOA ou S.I.F que constam nos rótulos dos alimentos.

Texto: Médicos Veterinários Rafael Duarte e Lucia Castagnino

SERVIÇO DE INSPEÇÃO MUNICIPAL DE ROLANTE – Cuidando da segurança dos alimentos e da saúde da população.