Chegamos ao século XXI e o tema "Sexualidade" ainda não é abordado naturalmente nas famílias com os adolescentes. São raros os casos em que os pais têm desenvoltura e, por que não dizer, coragem, para conversar sobre isto com os filhos.
Pensando nisto, a enfermeira que coordena a Estratégia de Saúde da Família do Alto Rolantinho (ESF), Glécia Linden, entrou em contato com a direção da Escola Santa Terezinha, que atende 423 estudantes do Jardim A ao 9º ano, disponibilizando-se a fazer palestras e responder todos os questionamentos dos alunos do 6º ao 9º ano, o que compreende um total de 144 estudantes com idades entre 11 a 14 anos, nos turnos da manhã e tarde.
Como a adolescência também é uma fase em que tudo vira piada e é uma bela chance de fazer o colega "pagar um mico", Glécia dividiu os meninos e as meninas, fazendo palestras específicas para cada grupo, na última sexta-feira, 14.
Inicialmente, dias antes da palestra a enfermeira deixou duas caixas na escola, uma para as meninas e outra para os meninos, com o objetivo de que eles colocassem as perguntas sobre assuntos que tinham dúvidas, sem necessidade de identificação. Foram muitas perguntas, demonstrando que há necessidade de que eles tenham orientação a respeito de sexualidade de uma forma realmente educativa, com alguém que possa explicar numa linguagem simples, que eles entendam e se sintam confortáveis ao ouvir estas informações.
A enfermeira Glécia conseguiu tudo isto... Falou sobre o aparelho reprodutor masculino e feminino, higiene, aborto, menstruação, ciclo menstrual, menopausa e pré-câncer, iniciação da vida sexual e todos os tabus envolvidos, pornografia, masturbação, assédio sexual, doenças sexualmente transmissíveis, métodos anticoncepcionais, gravidez na adolescência, importância do uso de preservativos e muitos outros que surgiram do interesse dos alunos através das perguntas que deixaram nas caixas.
"Sempre finalizo a palestra frisando a importância do preservativo, que não é somente para a prevenção de gravidez e sim de várias doenças, que ninguém é forçado a ter relação sexual e que se isso acontecer é crime. Falo que tanto as meninas como os meninos são donos do seu corpo e que ele deve ser respeitado, que devemos nos amar e, acima de tudo, nos cuidar, e que vai haver o momento certo e eles vão saber qual o momento para ter relação", salienta Glécia.
"As palestras foram muito importantes para os nossos alunos e seriam ótimas para qualquer adolescente porque, na maioria das vezes, eles não sabem lidar com o próprio corpo e com as transformações que são típicas da idade. Os casos de gravidez na adolescência, por exemplo, acontecem em todos os lugares e aqui não é diferente. Queremos que eles tenham consciência de que ainda têm muito para viver, aprender e experimentar enquanto adolescentes, sem a responsabilidade de ter alguém que dependa deles tão cedo", comenta a coordenadora pedagógica da Escola Santa Terezinha, Caritatis Schmitt.
De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde de Rolante, no ano de 2017 foram registrados 40 casos de meninas que se tornaram mães antes dos 18 anos e, neste ano, o número já chega a 26.
Conversar sobre sexualidade previne não apenas a gravidez na adolescência, mas auxilia os adolescentes a não se precipitarem a ter uma vida sexual ativa tão cedo e sem nenhum cuidado principalmente quanto às doenças que podem adquirir por não se prevenirem.
No ano de 2016 Glécia fez um roteiro em todas as escolas municipais de Ensino Fundamental e também na rede estadual falando sobre sexualidade. Como não tem tempo disponível para realizar este trabalho em todas as escolas novamente, orienta que cada localidade que tiver interesse entre em contato com a Unidade Básica de Saúde onde está inserida solicitando o apoio da enfermeira local para abordar o tema nas escolas.
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