Colonização italiana em Rolante: a história da Boa Esperança e sua evolução

A frase "recordar é viver" ganha um novo sentido para quem tem a oportunidade de participar das oficinas do projeto "Boa Esperança - Colonização e Evolução", desenvolvido pela diretora da Escola Municipal Multisseriada General Osório, Lisiane Prezzi, e a amiga, a enóloga Josiane Sbardelotto.
O projeto surgiu em 2017, da necessidade de fortalecer a cultura da localidade entre as crianças, fazendo com que elas se sintam valorizadas e orgulhosas de pertencerem aquele lugar e que, mesmo saindo para estudar, queiram retornar, aplicando seus conhecimentos em prol de suas famílias e da comunidade como um todo.
A diretora, juntamente com a amiga que, como ela, foi aluna da escola, preocupou-se quando viu apenas nove alunos matriculados no ano passado. O receio de que a General Osório pudesse fechar suas portas por falta de alunos, levando parte da história dela e de tantas pessoas com as quais ela conviveu na infância e convive até hoje, foi o grande incentivo para colocar em prática este projeto que vem fazendo a diferença na vida da comunidade da Boa Esperança e dos estudantes do 4º ano das redes municipal, estadual e particular do município que têm oportunidade de conhecer melhor os costumes e as pessoas que vivem lá.

A primeira etapa do projeto foi capacitar as crianças da Boa Esperança, despertar o interesse, o gosto por ficar na localidade e trabalhar, também, a questão turística desde cedo. "Quando éramos crianças, ser agricultor não era profissão, não era um modo de ganhar a vida, mas somos prova de que podemos sim, estudar, voltar e aplicar nossos conhecimentos nas propriedades das nossas famílias e na nossa comunidade", comenta a  Josiane.
Foram realizadas entrevistas com várias famílias da Boa Esperança para buscar diferentes aspectos da localidade, tanto da época de seus antepassados, quanto da atualidade, fazendo uma avaliação do que é possível resgatar e, quem sabe, trazer, de forma repaginada, para os dias de hoje.

Oficinas

Há duas semanas as coordenadoras do projeto começaram a colocar em prática a segunda etapa: as oficinas. Para isto, estão contando com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rolante e Riozinho, que patrocinaram os uniformes; Secretaria de Educação e Esportes que, nesta primeira etapa das oficinas que visam o turismo pedagógico de experiência, faz o agendamento das escolas, fornece o transporte de ida e volta à Boa Esperança e a alimentação ( inclui lanche na chegada, ingredientes para a oficina do agnoline, almoço e lanche da tarde.
Além disto, o projeto conta com o envolvimento de aproximadamente 30 voluntários, sendo quatro duplas pra realização da oficina histórica, quatro duplas pra realização da oficina de confecção de agnoline e sete cantinas e os esposos de Lisiane e Josiane que construíram a parte do museu colonial italiano e auxiliam em todas as atividades práticas de desenvolvimento do projeto.

Ciclo do parreiral:
Quando as crianças chegam na Boa Esperança, visitam o parreiral de uma das cantinas que integram o projeto, conhecem o processo produtivo do suco e do vinho e depois fazem degustação de suco de uva. Tudo é explicado pelos proprietários da cantina visitada.

 

 

 

 

 



Confecção de agnoline:
Os alunos aprendem, na prática, todo o processo de preparação da massa e confecção do agnoline que, logo depois, será utilizado no preparo do almoço.
O almoço servido às crianças é sopa de agnoline (que elas mesmas ajudaram a fazer), pão corneto (pão italiano) e suco de uva. O sagu é o lanche da tarde.
A oficina é realizada nas dependências da Escola General Osório, com voluntários da comunidade.

 

 

 

 



Oficina histórica:
Durante a oficina, é realizada uma aula de língua italiana, com alunos e ex-alunos da Escola General Osório.
Apresentação da história da imigração italiana na comunidade e slides com imagens e vídeos sobre a história da comunidade. Logo depois, amostra da confecção de uma árvore com os sobrenomes dos colonizadores locais. Os alunos visitantes são convidados a confeccionar uma árvore de sobrenomes de sua turma ou escola, com intuito de valorizar o nome que cada criança carrega, desenvolvendo sentimento de amor por sua história e sua família.
Fotos com vestimenta típica em cenário; brincadeira com palavras em italiano e sua tradução e, ainda, jogo da Mora, também na Escola General Osório, com o apoio de voluntários da comunidade.

No encerramento das oficinas, os professores recebem uma cartilha educativa com atividades alusivas à visita que, posteriormente, poderá ser utilizada nas escolas que visitaram a Boa Esperança através do projeto.
Muitos alunos que participaram do projeto na última segunda-feira, 14, da Escola Municipal Hugo Zimmer, nunca tinham ido à Boa Esperança. Localidade que fica a 17 quilômetros do centro da cidade e que recebe muitos turistas de diversos lugares do Estado, do Brasil e, até mesmo, de outros países.
"Queremos que as nossas crianças, a comunidade rolantense, conheçam a Boa Esperança, suas belezas, a cultura italiana dentro de Rolante e que tenham tanto orgulho deste chão como nós, que nascemos, crescemos e vivemos aqui temos e cultivamos diariamente", salientam as coordenadoras do projeto.